Há quase dois anos eu descobri o pole dance.
Confesso que não sabia muito o que esperar daquilo, mas fui fazer uma aula experimental. Eu nunca me imaginei com pouca roupa fazendo movimentos em um poste e muito menos em cima de uma pleaser (aquelas sandálias altíssimas e maravilhosas, bem características do pole)
Mas enfim, fui fazer uma aula e foi péssimo e ao mesmo tempo incrível.
Péssimo por que eu não era acostumada a me encarar com pouca roupa na frente de um espelho. Mas ótimo porque o que mais me incomodou, no fim, não foi nada relevante perto do tão gigante eu saí daquela aula.
A pauta aqui não é como o pole me fez bem, me mudou e me fez encarar meu corpo com outros olhos!
Convidei a Carol a participar do Ideias de Garotas, porque o pole ainda tem muito preconceito. Queria mostrar para quem desconhece, esse universo tão foda!
A Carol é geóloga, é pole dancer e tem um estúdio. Ela á uma musa inspiradora para mim e uma galera que faz aula com ela. E eu tinha que mostrar um pouco dela, se possível, pro mundo.
IDG: O que você fazia antes do pole?
C: Antes de começar a praticar o pole eu era bem sedentária na verdade hahaha. Já entrei e sai de academias mais vezes do que posso contar. Sempre fui muito atraída por danças, quando criança até fiz aulas de axé em uma escola perto de casa, mas depois fui consumida pela escola e faculdade.
IDG:Como conheceu o pole e o que te motivou a continuar?
C: Conheci o pole dance aqui em Ribeirão Preto mesmo. Estava recém chegada na cidade, e resolvi ir atrás dessa vontade que existia desde a época de graduação. Fui muito amor à primeira vista! Eu me apaixonei pela dinamismo da atividade, pela sensação maravilhosa de aprender um movimento novo e pelo clima de amizade e companheirismo das aulas!
IDG: Quando abriu o Pegasus?
C: O studio foi inaugurado no dia 2/setembro de 2017! O que foi uma loucura, porque montei o studio inteiro em 1 mês, e 2 semanas depois estava saindo de viagem hahaha Mas deu tudo certo no final!
IDG: O que você mais mudou na sua vida após a decisão do studio?
C: Olha, com certeza minha carga de trabalho triplicou. As pessoas tendem a minimizar o trabalho de professores, achando que é só chegar na sala e dar aula, mas não é bem assim. Tem muito estudo, treino e planejamento por trás de cada aula. Quando eu monto uma aula, eu penso em cada aluna que está naquela turma, quais são as dificuldades e facilidades dela, do que ela gosta e do que está precisando. É muito suor mental hahaha Mas eu sou extremamente apaixonada pelo que faço, é um prazer indescritível ver vocês evoluindo e conquistando cada vez mais!
IDG: Como aluna, o pole mudou a minha visão de mulher, com as outras e principalmente comigo mesma. Minha forma de pensar, amar e aceitar meu corpo. Isso faz sentido pra você? Como você vê o pole transformando as alunas? O pole te transformou como pessoa?
C: Faz todo o sentido do mundo, e é um dos aspectos mais apaixonantes do pole dance! Em primeiro lugar, o pole nos obriga a fazer as pazes com o nosso corpo, afinal não é fácil se encarar num espelho durante 1h15min com poucas roupas. Mas aí a gente começa a trocar o olhar julgador, que só procura os defeitos, pelo olhar curioso de “o que acontece quando eu movimento meu corpo assim? E se ao invés de fazer isso, eu fizer aquilo?”, e depois pelo orgulho e gratidão de perceber tudo que seu corpo é capaz de fazer!
Em segundo lugar, o pole nos ensina a ter paciência, e a não desistir dos nossos objetivos. Afinal, não é todo movimento que vai sair de primeira (ou de segunda, nem de terceira…), não é toda aula que vai ser super produtiva. E tudo bem, sabe? Ninguém está com pressa, até porque o pole é infinito, não tem uma linha de chegada =) O importante é que você curta o processo, que é o mais legal!
E todo esse carinho que a gente começa a dedicar a nós mesmas, tanto externa quanto internamente, começa a transbordar para as pessoas ao nosso redor, para nossas pole friends e família. E aí nós vemos que não tem lugar para a “rivalidade feminina” numa aula de pole dance. Pois é um ambiente cheio de mulheres que só se apoiam, que vibram pelas conquistas das amigas como se fossem delas mesma, onde cada comentário autodepreciativo é instantaneamente enterrado sob muito carinho e “para-com-isso-você-é-maravilhosa!”.
Fala sério, não tem como não se apaixonar por um lugar assim, né?
IDG: Sofre piadinhas ou má interpretações quando fala que é pole dancer? Como é e como lida com isso?
C: Olha, felizmente eu tenho uma existência abençoada (ou eu só ponho muito medo nas pessoas mesmo hahahaha), porque quase nunca recebi nada do tipo, mas sei que muitas alunas tem que lidar com esse tipo de situação.
E assim, eu acho que a gente tem duas opções nesse momento. Uma é simplesmente ignorar, porque ninguém aqui é obrigada a ser professora de bons modos para adulto.
Outra é tentar educar a pessoa, sobre o que é o pole dance, tudo de bom que ele agrega na vida da pessoa.
Mas o pole dance está ligado à sensualidade da mulher (que não é necessariamente voltada a outra pessoa), e isso é muito tabu ainda. Nossa sociedade, do jeito que ela é estruturada, não vê com bons olhos mulheres empoderadas, que gostem de se sentir sensuais para elas mesmas, e não em um local de admiração para olhos masculinos. Então é natural que as pessoas tentem te colocar nessa caixinha de “ah, mas ela só faz pole para agradar homem”, pois ainda não estamos acostumados a ver mulheres sendo protagonistas em suas próprias histórias.
Mas tenho esperanças que aos pouquinhos, conseguiremos ir mudando essa realidade. No studio tem vários casos de familiares e amigos que são dão um super apoio para nossas alunas, e dá para ver o quanto isso é importante para elas.
Por isso, se você conhece alguém que faz pole, não seja babaca. Não é tão difícil assim hahaha
IDG: Você inspira muitas meninas, tanto por suas atitudes, quanto por estar na posição de instrutora. Que recado você dá para as mulheres no geral?
C: Ah, obrigada <3
Acredito que a principal mensagem que eu tento passar para minhas alunas é: saibam reconhecer o valor de vocês! Quando vocês contarem um bom relacionamento com vocês mesmas, e se amarem de verdade, vocês ficam menos dependente de conseguir afeto e aprovação dos outros, e aí um leque de possibilidade se abre na vida de vocês. <3
E se precisarem de ajuda nesse processo, venham conhecer o pole dance, ele pode ser um ótimo aliado!
O Pegasus, estudio da Carol, fica em Ribeirão Preto,
na Rua Arnaldo Victaliano, 49
Você pode conhecer mais aqui!
E aí? Conhece alguém que deveria estar aqui?
Manda pra mim!
<3
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